quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Reisado

O desenvolvimento consiste numa série de episódios, alguns já existentes nos ranchos de janeireiros e reiseiros portugueses, como o pedido de abrição de porta:
Abris a porta
Se quereis abrir
Que somos de longe
Queremos nos ir

A louvação aos donos da casa:

Senhor dono da casa
Olhos da cana caiana:
Quanto mais a cana cresce
Mais aumenta a sua fama

A louvação do Divino:

Deus te salve, casa santa
Onde Deus fez a morada,
Onde mora o cálix bento
E a hóstia consagrada

As marchas de entrada de sala:

Entremos, entremos,
Em jardim de fulô,
É do nascimento,
É do Redentor

E, no fim do auto, a ceia, em que se renovam os agradecimentos aos donos da casa:

O senhor dono da casa
É quem pode vestir véu
É quem se pode adorar
Debaixo do Deus do Céu...

E a despedida final:

Dono da casa
Adeus que eu me vou
Até para o ano
Se nós vivo for

Entre os primeiros episódios e os dois últimos, realizam-se as representações dramáticas (entremeios), característicos do bumba-meu-boi, as danças cantadas (peças) e as partes declamadas (embaixadas ou chamadas de Rei), estas últimas oriundas do bailado dos congos, bem como o episódio da guerra, por sua vez equiparável às várias danças rituais européias.

As cantigas dançadas apresentam-se nos mais variados assuntos e motivos. Antigamente, africanos:

Topei num vi, ô dalipá
Caramundelo, zumbi, mamde ô lá

Ou guerreiros:

Somos soldados
Vamos para a guerra
Costas com costas
Joelhos em terra

Atualmente, senteciosos:

Ô minha gente,
Reisado só de Viçosa,
Fazenda só cor de rosa,
Baiana só do Farol
Ô minha gente
Dinheiro só de papel
Carinho só de mulher
Capital, só Maceió

Nenhum comentário:

Postar um comentário