Eles eram milhares, espalhados pelas praias de todo o litoral nordestino. Enfunando suas velas triangulares, claras - as cutingas, línguas brancas, no falar dos índios -, eram vistos em frotas numerosas, pescando a noventa, cem quilômetros distantes da costa. Hoje são bem menos, poucas centenas, habitantes de uma região que cada vez mais se limita, da mesma forma que diminui sua possibilidade econômica. Mas os jangadeiros, últimos heróis do mar, insistem teimosamente em conservar seu rude e romântico ofício, em Alagoas, em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no Ceará, Estado em cujo brasão de armas a jangada aparece com destaque. A maioria deles abandonou já as tradicionais jangadas de pau piúba, de curta duração, trocando-as pelas de tábua, mais caras mas, em compensação mais duráveis. As jangadas de piúba não chegam, agora, em todo o Nordeste, à casa dos trinta, mas os jangadeiros, apesar das mudanças, das pressões externas ao seu meio, da desvantajosa competição, tentam manter os processes de navegação e pesca que herdaram dos avós de seus avós, e que sonham legar - sonho impossível - aos netos de seus netos.
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