terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Cozinha Mineira


O povo de Minas começou comendo pouco. Os paulistas que penetravam no interior do país, atrás de índio e de ouro, comiam milho e mandioca, dispensando até o sal. E comiam caça: anta, veado, capivara, macaco, quati, onça, aves.
Sem dispensar cobras e lagartos, formigas e “uns bichos mui alvos que se criam em taquaras e paus podres”.


Comer o bicho da taquara era hábito alimentar do nosso gentio, que apreciava muito o gusano, segundo informa o Padre Anchieta em suas Cartas, publicadas pela Academia Brasileira de Letras: “Nascem entre as taquaras certos bichos roliços e compridos, todos brancos, da grossura de um dedo, aos quais os índios chamam raú, e costumam comer assados e torrados. Há-os em tão grande porção, indistintamente amontoados, que fazem com eles um guisado que em nada difere da carne de porco estufada”.
Comiam também mel de abelha, palmitos de muitas castas, grelo de samambaia, carás do mato, raízes de pau e peixe de rio.
Mesmo assim houve uma grande fome em 1668, outra em 1700 e uma terceira em 1713.
O que nunca faltou foi pina. Quando o Conde de Assumar tentou impedir que a aguardente fosse para a capitania de Minas, em 1729, houve a revolta de Pitangui.
Por essa época, da Bahia veio o gado. Mas um boi custava 120 mil-réis, quando na costa valia só 2 mil. E todos os preços eram assim: a farinha custava 43 mil-réis o alqueire, contra 540 réis em São Paulo; uma galinha, 4 mil-réis em vez de 160 e 1 libra de açúcar subia de 120 para 1200 réis. Era mais barato comer macacos e içás, que os mineiros chamam tanajura.

Até os primeiros anos do século da Independência, as cidades mineiras são mal arruadas, com ruelas tortuosas e ladeiras sem calçamento ou iluminação. De dia, galinhas, vacas, cavalos, porcos e cabras andavam livremente pelas ruas.

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