terça-feira, 22 de março de 2011

Folclore do Pará

No Pará a massa indígena, toda da raça Tupi, desde Guajará até as costas maranhenses, foi a base da intensa e sempre contínua miscigenação. Os portugueses, Beirões, minhotos, açorianos, vieram diretamente de Portugal em grande número. O mameluco, o mestiço indo-lusitano, foi o primeiro maior produto da terra, devido ao número inferior de mulheres brancas.

Os Tupis, sempre em maior número que as outras raças, deixaram marcas profundas e definitivas no idioma, na culinária, nos mitos e nos costumes locais.

Com a catequese, os índios do interior, aceitam a religião católica e quase a adaptam aos ritos aborígenes, com seus bailados, sairés, bailes de festa cristã, etc. Tribos menores, como os Gês, Caraíbas e Aruacos, ficam em segundo e terceiro plano, pois, por serem avessos aos brancos, nunca conseguiram uma aproximação maior com o elemento conquistador, até que estivessem certos que sua presença lhes traria algo de positivo, além da boa conversa e promessas.

Os Tupis influenciaram fortemente toda psicologia paraense. Mesmo na parte mítica os Negros, sempre presentes e soberanos em outras regiões do Brasil, foram superados pelos amerabas. O Catimbó, o Candomblê, vitoriosos no Recife, Bahia, Rio de Janeiro, perdem espaço para o mestiço que caricaturiza as mímicas dos pajés, misturando o baixo-espiritismo com superstições africanas e determinando a Pajelança, o rito, a doutrina terapêutica e religiosa do Pajé.

O Negro chegou em último lugar e em número muito pequeno. Em 1890 eram 6,76% da população, sendo assim sua área de domínio menor.

No Pará, o elemento indígena, continua decisivo, reinando absoluto em suas crenças, superstições, mitos, costumes, culinária. O branco vem em segundo plano, falando de folclore, e o Negro em terceiro. Apesar disso sua atuação é um pouco maior que a vislumbrada pelo grande educador e escritor José Veríssimo. (Vide nota 1).

O escravo fugitivo das cidades deixou filhos entre os indígenas de antigas tribos, no fundo das matas. Nesse caso percebe-se sua presença nos traços antropológicos e vestígios de mitos seculares que só poderiam estar presentes trazidos pela memória negra.

A partir de 1877, com a emigração maciça dos nordestinos para estas terras, expulsos dos seus domínios originais pela "grande seca", especialmente cearenses, norte-rio-grandenses e paraibanos, que acabam por se fixarem nos seringais, os mitos oriundos de suas regiões passaram a fazer parte do folclore local com grande força.

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