domingo, 27 de março de 2011

Folclore do Paraíba

Povoada no litoral pelos Tupis (Tabajaras e Potiguaras), e no interior pelos Cariris, subdivididos em dezenas de tribos que se tornaram famosas na grande guerra do século XVII. Os portugueses vieram ao longo do litoral e durante muitos anos a conquista se resumiu às regiões próximas do mar.

A conquista do interior foi lenta e as "bandeiras", partindo das praias, ou vindas pelo São Francisco e Piauí, se reuniam para combater os indígenas. E logo, os conquistadores se encarregariam de dizimá-los pela posse da terra. No início do século XVIII praticamente o elemento indígena havia desaparecido.

A princípio, a população do interior, pela falta de estradas, esteve completamente isolada da capital. Muitos cresciam e morriam sem nunca terem visto o mar.

O elemento Negro se fixa mais nas zonas dos engenhos, com a fabricação do açúcar, tendo presença apenas discreta no interior. Enquanto isso, no interior e alto sertão, os colonos portugueses marcam presença mais forte. Isso pode se observar nos traços antropológicos dos habitantes dessas regiões, que apresentavam as características físicas dos seus dominadores, conservando seus arcaísmos, prosódia, timbre, na linguagem, etc.

Era mais comum e natural o filho de branco com índia, o mameluco, que filho de branco com negra, o mulato. O mestiço sertanejo, em sua maioria, vem da primeira miscigenação.

Dessa forma, é fácil concluir que a Paraíba apresenta zonas comuns para o estudo do folclore. No litoral há uma incessante modificação nos costumes e nas superstições mas as figuras míticas permanecem sem alterações na memória coletiva. A zona açucareira guarda vestígios da escravaria negra, com as danças, cantos de trabalho, autos populares, sincretismo religioso, parte da culinária.

Na capital há o negro que pouco, ou muito retardadamente, acaba por se despojar de hábitos ou crenças, preferindo misturá-las com aquelas que vai adquirindo localmente.

Os mitos europeus estão mais ou menos vivos na capital e no alto sertão, mas sempre acompanhados pelos indígenas de origem Tupi. Os Cariris contribuíram com pouco ou quase nada porque constituíam o povo inimigo, que devia ser combatido sem trégua. As vilas surgiam nas ruínas das aldeias cariris, destroçadas pelos Oliveira Ledos, pelos fazendeiros baianos, pelos piauienses e pernambucanos, condutores de boiadas e chefes de grupos armados a bacamarte.

Os mitos tupis foram, como em toda parte, os mais conhecidos e rapidamente assimilados pelos habitantes, negros, brancos, índios e mestiços. As mulheres cariris, caçadas a casco de cavalo, capturadas a laço, eram fêmeas submissas e caladas e pouco contribuíram, mesmo em confidências com seus filhos, para que alguma coisa de suas tradições mitológicas, ou religiosas, permanecesse na memória da região.

Na ordem folclórica, o Cariri é paupérrimo, inferior a qualquer outra influência. Embora sem nunca terem penetrado no interior do estado, os Tupis influíram mais com suas tradições e costumes que estes, os verdadeiros nativos da região interiorana.

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